terça-feira, 12 de maio de 2009

Sobre eu e você

Quando eu era criança e escrevia palavras na língua fluída e espontânea que só os pequenos têm, era ele o que dentre os céticos adultos, me compreendia. Enquanto os céticos diziam: olha essa menina estragando os livros! Ele entendia: ela tá é escrevendo as entrelinhas...

Cresci numa família normal: quando as cores do lugar não mais surpreendiam, mudávamos. Quando saíamos, eu e meus tantos irmãos, à rabiscar paredes e escrever as entrelinhas dos livros, pai e mãe, como todos os outros _ todos são assim, né? _ pai e mãe festavam comemorando nossa rica interpretação do mundo.

Depois, na adolescência, quando nosso umbigo é o planeta ao redor do qual todos os outros gravitam, achei que estava tudo errado _ como assim meu pai não é um super herói?

Briguei e me afastei.

Hoje, sem o peso de ser o centro do universo, tenho em você, pai, meu companheiro de brincadeiras. Compartilhamos alguns segredos entre risadinhas e feição endiabrada. O segredo? Comemos doces escondidos...

Quando era criança e me perguntavam: menina, quem é seu namorado? Eu respondia toda orgulhosa: MEU PAI!

Freud pára! Sossega! Deixa que eu explico:

É que nascemos entendendo o mundo como ele é: namorado bom é aquele que sabe desenhar melhor que os outros, que sorri quando todos estão sérios e que muda de cidade quando as cores não mais surpreendem.

5 comentários:

Bibi disse...

Que lindinho! Adorei

Anônimo disse...

Ah!! que bonito!!! Eu gosto assim: autobiograficamente falando do mundo. Parabéns pro seu pai, pelo aniversário e por vc!

Anônimo disse...

Adorei os 2 ultimos textos Carol ! Emocionantes e fiéis à realidade ... acho que o Elypslon passou um pouco disso com todos nós. Talvez todos pais passam .... Iiiih caraca to ferrado então !

João.

leila saads disse...

Com atraso, mas com esmero leio suas linhas delicadas como sempre. Que linda a parte "olha essa menina estragando os livros! Ele entendia: ela tá é escrevendo as entrelinhas...", linda, linda!

Um beijo!

Priscila Milanez disse...

lindo e singelo!